Michele Martines nasceu em Montenegro, Rio Grande do Sul, Brasil. Graduou-se em Artes Visuais pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (2002-2005) e é mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Santa Maria (2008-2010).
A primeira série de pinturas desenvolvida pela artista, “(Re)Vendo-nos”, justapõe slogans publicitários à imagens de cunho social, dando inicio uma pesquisa sobre apropriação de imagens e a inserção da palavra na pintura.
A série intitulada “Fantasias do cotidiano” (2005-2007), apresenta imagens de espaços interiores da sua casa. Nessas pinturas Michele utilizou figuras femininas apropriadas de obras consagradas da história da arte e dos clássicos contos de fadas, inserindo-as nos espaços privados da sua casa, essas figuras femininas apareciam desempenhando suas atividades cotidianas. No ano 2006 realizou sua primeira exposição individual “Essência e aparência”, na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, e foi premiada no Salão de Artes Visuais da Câmara Municipal de Porto Alegre. Também participou de exposições como a 4 Bienal de Arte e Cultura da UNE, em São Paulo.
No curso de Mestrado, desenvolveu a série “Ambiências na Parede”, em que recriou espaços do seu habitat, associando pintura sobre tela e desenho realizado com adesivo sobre a parede. Nessa proposta a pintura é o núcleo compositivo da obra que estabelece também um diálogo com a instalação. As obras foram expostas na Usina do Gasômetro, Fundarte e no Paço Municipal de Porto Alegre, sob a curadoria de Marco de Araújo.
No ano seguinte realizou residência artística no Centro de Artes CAMAC, na França. Participou da exposição “Reflejos y perspectivas de la pintura”, no Museo Timoteo Navarro, em San Miguel de Tucumán, Argentina.
Recebeu, em 2012, prêmio aquisição do Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea, com a obra “Rito de passagem”, que foi integrada ao acervo do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Em 2013, recebeu bolsa para a realização de residência artística no R.A.T. – Programa de Residências Artísticas por Intercâmbio, na Cidade do México. Onde realizou a exposição individual “Ojalá, aqui y allá”.
Nesses programas de residências artísticas foi estimulada a vivenciar o local, tendo muitos momentos de deambulação pelas cidades que visitou. Ao retornar, buscou exercer o olhar de turista na região em que é nativa. No plano pictórico passou a interpretar o espaço público urbano. A arquitetura, o design, a sinalética urbana, as personagens e situações foram apropriadas para o seu universo artístico. Os “Orelhões”, por exemplo, destacam-se como característicos da paisagem urbana brasileira.
Em 2014 realizou a exposição “SituAçãoCor”, na galeria Lemos de Sá, em Belo Horizonte, e participou de exposições no Museu de Artes do Rio Grande do Sul – MARGS, tendo duas obras incorporadas no acervo do museu.
Entre os anos 2015 e 2017, trabalhou com a Galeria Aura. Destacando-se o projeto “Aura Ocupa”, em que imagens de pinturas de sua autoria, interpretando cenas urbanas do centro de Porto Alegre foram reproduzidas em escala ampliada nos tapumes do Shopping Iguatemi Poa.
Simultaneamente trabalha na série de colagens intitulada “Pequenas Soluções”. Tendo fragmentos de caixas de papelão como suporte das obras, justapõe imagens e textos, explorando possibilidades de efeitos estéticos e relações cognitivas dos elementos que compõem cada obra: suporte, pintura, palavra, ícones gráficos, etc.
Durante os anos 2-15 e 2016 produziu a série “Abuso, isto não é um homem nu”, retomando alguns conceitos de seus trabalhos iniciais, justapondo imagens preexistentes, criando uma espécie de anúncio publicitário. Essa produção foi destaque da seção garimpo da revista DasArtes.
Do ano 2017 ao ano 2019, Michele atuou na administração municipal de sua cidade natal, assumindo a Diretoria de Turismo. Essa experiência ampliou seu interesse pela paisagem (urbana e rural), relação dos habitantes com seus espaços públicos e pela identidade local em meio ao panorama de globalização.
Em 2018 realizou a exposição individual “Ruas de Estar”, na galeria de arte da Fundarte, com curadoria de Andrea Hofstteater. A exposição propôs um diálogo entre as pinturas de “Cenas urbanas” e obras da série “Pequenas soluções”.
Alguns elementos gráficos das colagens com fragmentos de caixas de papelão passam a integrar seus cenários pictóricos. O código de barras, por exemplo, passa a ser explorado como elemento estético e evoca a ideia de valor, do poder socioeconômico, trazendo novos significados para as pinturas.
Desenvolve o projeto 'Frutos da ligação - Apropriação da cidade", criando uma obra de arte pública reutilizando campânulas de telefones públicos - Orelhões.